11/10/2019 12h34


Conduzida pela vereadora Cíntia de Almeida, audiência contou com palestras de especialistas sobre o tema

Por iniciativa da vereadora Cíntia de Almeida (MDB) e do vereador Anselmo Neto (PSDB), foi realizada na manhã desta sexta-feira, 11, no plenário da Câmara Municipal de Sorocaba audiência pública com o tema “Saúde Mental: Educação, Afeto e Preconceito”. A audiência teve também a participação do presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador Dr. Hélio Brasileiro (MDB).

Além dos parlamentares, integraram a mesa dos trabalhos a coordenadora de saúde mental da Secretaria da Saúde de Sorocaba, Eline Araújo Vitor; o coordenador do Núcleo de Tecnologia Assistiva Emocional da UFRJ, Dr. José Otávio Motta Pompeu; o diretor do Centro de Investigação do Comportamento das Emoções, psicólogo Caio Henrique Ferreira da Costa; e a representante da Associação dos Portadores de Transtorno Mental, Márcia Oliveira dos Santos.

O vereador Anselmo Neto ressaltou que é fundamental debater os problemas enfrentados em Sorocaba com relação ao atendimento da saúde mental e dar sua devida importância. “O principal objetivo é fazer com que a Prefeitura pare de olhar para a saúde mental como algo que fica no canto da sala e passe a pensar nela como um todo”, afirmou, ressaltando que os profissionais da área não são valorizados como os outros, pois não são destinados recursos suficientes para a saúde mental.

Cíntia de Almeida lembrou que entre o final dos anos 60 e 90 em Sorocaba a psiquiatria foi um grande negócio, financeiramente, mas o atendimento era extremamente inadequado. “A cidade congregava hospitais psiquiátricos que tratavam sem a menor cidadania, sem o menor carinho e com todos os preconceitos as pessoas que mais precisavam, os doentes dessa área”. A vereadora reconheceu avanços desde então, mas enfatizou a importância de continuar o trabalho pelo progresso na área.

Dr. Hélio Brasileiro relatou uma fiscalização que realizou recentemente no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da Vila Progresso, onde constatou problemas sérios como precariedade na estrutura e falta de itens básicos de higiene. O vereador salientou sua preocupação com a saúde mental dos próprios trabalhadores da área de saúde. “A qualidade de vida que temos é um lixo e isso faz com que desenvolvamos depressão, ansiedade, insônia, hipertensão, doenças cardiovasculares e muito mais. Para que a gente possa fazer saúde mental, precisamos ter condições de não desenvolver doenças mentais”, afirmou.

Palestrantes convidados – Antes da discussão e posicionamento dos vereadores, a coordenadora de saúde mental, Eline Araújo, falou sobre a importância de cuidados preventivos da saúde mental, antes do adoecimento. Segundo ela, a saúde mental é renegada, colocada como frescura, como falta de espiritualidade, e afirmou que isso ocorre por falta de discutir discussão e informação. Por outro lado, argumentou que em Sorocaba houve avanços em questão de visibilidade dentro das unidades básicas de saúde. “Estamos em crescente melhora nesse sentido. A política pública de saúde conseguiu aprimorar e temos espaços de construção e discussão como essa audiência pública”.

Em seguida, o Dr. José Otávio Motta Pompeu, que é autista, relatou as dificuldades enfrentadas durante sua vida, principalmente na infância e período escolar, e apresentou estratégias que podem ser colocadas em prática para auxiliar o aprendizado de crianças e adolescentes autistas. “Precisamos urgentemente apoiar, com qualquer restrição orçamentária, que seja prioridade número 1 que haja mediadores para pessoas autistas e que sofram de doenças mentais nas escolas públicas e particulares de Sorocaba. Todos os professores têm que ser preparados para a inclusão”.

Por fim, o psicólogo Caio Costa falou sobre práticas voltadas ao ensino e gerenciamento das emoções. “As pessoas raramente são ensinadas a sentir e uma vez que as emoções determinam a qualidade de nossa vida, é sensato estudarmos nossas emoções e as emoções de nossa sociedade”, argumentou. Segundo ele, diferentemente do coeficiente de inteligência, o coeficiente emocional pode ser desenvolvido e aprimorado ao longo da vida. “Nas escolas, o desenvolvimento das habilidades socioemocionais resulta em diminuição do preconceito, do bullying, de agressividade em geral entre os pares, além de permitir maior integração da turma, aumento da criatividade, motivação, participação em aula, desenvolvimento de relacionamentos saudáveis, compreensão dos próprios impulsos sexuais e auxílio na criação dos valores éticos e morais”, concluiu.