30/03/2020 19h35
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O empresário Erly Domingues de Sylos enfatizou que muitas indústrias colocaram suas linhas de produção a serviço do combate à pandemia

Os impactos econômicos e sociais da pandemia de coronavírus foram tema da entrevista que o diretor titular do Ciesp Sorocaba (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), empresário Erly Domingues de Sylos, concedeu à TV Câmara, na manhã de domingo, 29. “O setor industrial representa quase dois terços da riqueza do município e a pandemia de coronavírus está afetando a indústria e o comércio e vai se refletir no crescimento do país, cuja previsão foi reduzida para zero”, afirmou o dirigente industrial na entrevista, transmitida também pela Rádio Câmara.

Para o empresário, diante do que já aconteceu na China e está acontecendo na Itália, na Espanha e nos Estados Unidos, a primeira preocupação tem que ser reduzir o número de óbitos, por meio das medidas de isolamento social que estão sendo tomadas. “Mas também temos que pensar na economia. Precisamos discutir o que fazer para que as indústrias não parem totalmente e, se pararem, de que maneira o governo irá aportar dinheiro para possam pagar seus trabalhadores”, afirma, lembrando que o país vem de uma crise econômica que já se desenrola há quatro anos, tendo chegado, num dado momento, a ter 14 milhões de desempregados.

Erly Sylos disse que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), por intermédio de seu presidente Paulo Skaf, estão conversando com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para buscar soluções para a economia não parar. O empresário conta que já houve um encontro com 50 grandes empresários do país, de vários segmentos, que se prontificaram a ajudar no combate à pandemia. “Em Sorocaba, a Toyota está se prontificando a fazer a restauração de respiradores hospitalares. O Senai de São Paulo está fazendo 600 mil máscaras para doar para hospitais. A Flex vai produzir respiradores hospitalares. As empresas estão sendo solidárias”, enfatizou.

Apoio às empresas – O diretor do Ciesp defendeu a postergação de tributos, para que as empregas não quebrem e não se tenha desemprego. “Temos que pensar maneiras de sobreviver nesse momento e evitar que a economia venha a parar de vez, para que não venha o caos, com falta de alimentos e medicamentos, até por falta de logística”, avalia, citando o caso das companhias aéreas, que tiveram de reduzir voos. “A indústria de grande porte tem alguma musculatura para suportar a crise por um determinado tempo, mas as pequenas e médias empresas, assim como os trabalhadores informais, terão muita dificuldade para sobreviver”, enfatiza.

O empresário afirma que as empresas que se mantêm funcionando estão adotando as medidas sanitárias preconizadas pelo Ministério da Saúde, reduzindo o número de trabalhadores no refeitório, cortando horas extras e cuidando de manter o distanciamento físico recomendável entre seus trabalhadores. Também ressaltou que muitas indústrias, na medida do possível, adotaram o trabalho em casa para parte de seus funcionários, como o setor comercial e o de desenvolvimento de projetos, que podem se reunir virtualmente.

O dirigente do Ciesp Sorocaba também defendeu medidas diferenciadas de isolamento social em conformidade com a realidade de cada Estado e ressaltou a importância dessas medidas não atrapalharem a logística de abastecimento. Erly de Syllos observou que o decreto estadual estabelece que todas as indústrias devem continuar operando, mas, em alguns municípios, decretos locais determinaram a paralisação das indústrias. O empresário citou exemplo de uma empresa de baterias para veículos que, à primeira vista, pode não parecer um serviço essencial nesse momento de crise sanitária. “Ocorre que essa empresa é a mesma que também produz baterias para equipamentos hospitalares, então, se ela for paralisada, pode vir a prejudicar o próprio setor de saúde”, observou, defendendo a união de esforços para reduzir o número de óbitos e medidas governamentais para minimizar o impacto econômico da pandemia.

A entrevista, transmitida ao vivo pela TV Câmara, está disponível nas redes sociais do Legislativo sorocabano e sem seu portal na Internet.