19/06/2020 10h07
atualizado em: 19/06/2020 12h31
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Para o presidente da Casa, a responsabilidade de cada um essencial para fazer frente à pandemia

A ampliação do horário de atendimento do comércio em Sorocaba, com os devidos cuidados de higiene e distanciamento social, é uma das propostas que o presidente da Câmara Municipal, vereador Fernando Dini (MDB), quer ver efetivada o mais rapidamente possível. Foi o que explicou em entrevista à TV Câmara, na manhã desta sexta-feira, 19, quando fez o balanço semanal das ações do Legislativo durante a pandemia de coronavírus.

“Não é só o poder público que tem a responsabilidade total sobre o combate à pandemia. Todos nós temos que nos conscientizar da parte de responsabilidade que cabe a cada um de nós”, enfatizou. “Sou favorável à flexibilização do comércio, com responsabilidade, com critérios e com muito equilibro. Infelizmente, a Prefeitura permitiu a abertura do comércio por apenas quatro horas, o que estimula as aglomerações, indo na contramão de uma flexibilização segura”, enfatiza.

Para Fernando Dini, o horário do comércio deveria ser estendido para que não houvesse aglomeração. “As academias, por exemplo, poderiam abrir com agendamento e os restaurantes poderiam atender até 50% de sua capacidade, com o devido distanciamento das mesas. Por que não é só o Covid-19 que mata. A fome, a recessão e o desemprego também matam. Aprender a conviver com esse inimigo invisível será de suma importância”, alerta, enfatizando que só será possível ficar livre do vírus quando houver uma vacina.

Para o presidente do Legislativo, o aumento das aglomerações pode acabar quebrando a grande maioria dos comerciantes de Sorocaba. “No caso das academias, estima-se que cerca de 40% delas e dos estúdios de Pilates não vão mais voltar a atuar depois de passada a pandemia. Só nesse setor, quantas pessoas irão padecer, mesmo sem terem sido contaminados pela Covid-19?”, indaga. O vereador diz que sua busca pela “flexibilização segura e responsável” se deve ao fato de que, hoje, se o comércio fosse retomado integralmente, sem as devidas precauções, Sorocaba iria demorar de dois a três anos para se recuperar. 

Condutores escolares – Fernando Dini também discorreu sobre o projeto de lei de sua autoria que permite aos condutores escolares exercerem outra atividade temporariamente. “De acordo com a atual legislação, os condutores escolares só podem atuar exclusivamente no transporte de crianças. Então, fizemos um projeto de lei para quebrar essa amarra nesse momento de pandemia, permitindo a eles que utilizem suas vans para prestarem outro tipo de serviço. Também vamos apresentar um projeto de lei para que eles possam receber um auxílio emergencial”, antecipa.

O parlamentar também disse que tem recebido denúncias sobre a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para os profissionais de saúde, principalmente nos hospitais estaduais, como o Hospital Regional. “Com isso, um local que deveria ser de proteção para as pessoas contaminadas, acaba sendo uma bomba relógio de propagação do coronavírus”, diz. “Estamos querendo descobrir as razões da falta desses equipamentos e, ainda, quanto à sua qualidade, pois muitos equipamentos não oferecem a devida segurança”, acrescenta.

O presidente da Câmara também tratou da questão da Policlínica, que está funcionando com apenas 40% de sua capacidade, deixando de atender diversas especialidades, bem como as Unidades Básicas de Saúde, que, segundo ele, não estão marcando consultas. “Temos profissionais de saúde deslocados da Policlínica e das Unidades Básicas de Saúde para atender no Hospital de Campanha, o que não funciona. A Prefeitura destacou seis ortopedistas para atenderem na urgência, deixando apenas dois ortopedistas para atender uma demanda de 18 mil pacientes na Policlínica”, afirma, acrescentando que “essa política da Secretaria de Saúde presta um desserviço”.

Fernando Dini também defendeu ampliação do Cartão Merenda Social, com o objetivo de beneficiar todas as crianças matriculadas na Rede Municipal de Ensino e não apenas as crianças do Cadastro Único. “Temos quase 60 mil alunos na rede, mas apenas 9 mil alunos serão beneficiados. Além disso, o valor do benefício, de 56 reais, é irrisório, então propusemos que ele fosse aumentado para 72 reais. Além da demora para implementar o benefício, soube que a Prefeitura está recolhendo os cartões que foram entregues devido a erro técnico. A fome não espera. Estamos na contramão da dignidade humana”, afirma.

Para Dini, deixar uma criança sem o benefício da merenda ou permitir que uma pessoa com diabetes ou com pressão alta não encontre atendimento na unidade de saúde são situações que ferem a dignidade humana. “E se a pessoa não é tratada com dignidade, temos que parar tudo e começar de novo, porque é imprescindível ter respeito pela vida”, enfatiza.

Prefeito em exercício – Fernando Dini também discorreu sobre dois projetos de lei que enviou para a Câmara Municipal, quando prefeito em exercício. Um deles proíbe a soltura de fogos de artifício com estampidos, para proteger idosos, crianças, enfermos, bem como os animais. “Atendendo a um clamor popular e com base num projeto do vereador João Donizeti, que incrementamos e encampamos, enviamos esse projeto de lei para a Câmara, quando estive no Executivo, e ele foi aprovado”, explica. 

O presidente da Casa também destacou o outro projeto de lei que enviou para a Câmara Municipal, quando prefeito em exercício, que amplia a licença-paternidade para os servidores públicos municipais, de 15 para 20 dias, e possibilita a adequação das férias dos servidores com a nova CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

No final da entrevista, Fernando Dini contou que sua irmã, de 52 anos, sem doenças pré-existentes, contraiu Covid-19 e ficou internada durante quatro dias na UTI. “Graças a Deus, ela teve alta nesta madrugada e está no quarto. Então, quando falamos dessa luta contra a pandemia, sinto na pele a tristeza e o sofrimento de ter um ente querido, uma pessoa amada, isolada dentro de uma UTI, sem poder se comunicar com ninguém, e a família do lado de fora sem muitas informações. Não queiram passar por esse sofrimento que a minha família passou”, alerta Dini. 

A entrevista foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 4 da NET; e Canal 9 da Vivo) e poderá ser vista nas redes sociais.