30/06/2020 12h50
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Pedagoga e integrantes da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB debateram o tema

Com o objetivo de abordar a questão da famílias que precisam enfrentar o isolamento social tendo em casa pessoas com deficiência, a TV Câmara, na tarde de sexta-feira, 29, entrevistou três especialistas que vivenciam o assunto: a presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB Sorocaba, Sandra Regina Flório; Milene Cavalcante, que também integra a referida comissão; e a pedagoga e psicopedagoga Francine Menna.

As entrevistadas foram unânimes em reconhecer o momento peculiar motivado pelo isolamento social, sobretudo no âmbito da educação à distância, destacando as dificuldades que os pais enfrentam tendo que desempenhar o papel pedagógico para o qual não estão devidamente preparados. 

Francine Menna falou das dificuldades enfrentadas pelos alunos com deficiência para ter aulas à distância durante a pandemia e defendeu que os alunos com deficiência das escolas públicas, que fazem uso de equipamentos adaptados na escola, como mobiliário adaptado, tablet para baixa visão, apostilas especiais etc., tenham acesso a esse material em casa para que possam acompanhar as atividades durante a quarentena. 

A advogada Sandra Flório falou sobre o trabalho da comissão que preside, destacando a preocupação da OAB não só com os advogados com deficiência, mas também com a comunidade, trabalhando em prol da garantia de direitos das pessoas com deficiência e suas famílias.

Por sua vez, a advogada Milena Cavalcante, que é mãe de um adolescente com deficiência intelectual, disse que as dificuldades dos pais dessas crianças em casa são muito grandes, pois os alunos estavam acostumados com as rotinas da escola e estranham quando têm de realizar essas atividades em casa. “É difícil para o aluno compreender que toda a rotina foi desfeita”, diz. 

Múltiplos papeis – A pedagoga e psicopedagoga Francine Menna lembrou que a relação dos alunos com seus pais é diferente da relação que estabelecem com professores; isso, segundo ela, vale para todos os alunos e mais ainda para os alunos com deficiência. “Os pais não devem se cobrar tanto pelas dificuldades que encontram para ajudar na educação dos filhos em casa, pois são múltiplos papeis sendo exercidos ao mesmo tempo e não conseguimos desempenhar todos eles”, afirma.

Francine Menna observou, ainda, que a aprendizagem ocorre ao longo da vida e lembrou que cada pessoa tem um ritmo de aprendizagem diferente e que precisa ser respeitado, acrescentando que, numa sala de educação inclusiva, isso é levado em conta. Também recomendou que, nesse momento, na medida do possível, os pais procurem desenvolver uma rotina em casa, com horários determinados, para facilitar a realização das atividades pedagógicas e destacou a importância do afeto e do vínculo afetivo para aprendizagem.

Milena Cavalcante também destacou a importância do afeto na relação com os filhos, enfatizando a importância de se estreitar as relações com a criança. Também conclamou a sociedade a interagir mais com as pessoas com deficiência e suas famílias, pois, às vezes, segundo ela, apenas uma palavra de atenção pode ser muito importante para a família enfrentar as dificuldades pelas quais está passando.

Por fim, Sandra Flório enfatizou que as pessoas com deficiência e suas famílias precisam de políticas públicas efetivas, para que a inclusão escolar e a educação para todos ocorram não só agora, mas também quando passar a pandemia.