05/08/2020 16h32
atualizado em: 06/08/2020 08h46
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Na tarde desta quarta-feira, 5, José Rubens Incao foi o entrevistado na série de programas “A Força do Legislativo”

Em comemoração aos 366 anos de Sorocaba, a Câmara Municipal, através da Escola do Legislativo, realiza uma série de programas com o tema “A Força do Legislativo”, trazendo personalidades locais para apresentar histórias da cidade e da Casa de Leis. Na tarde desta quarta-feira, 5, o convidado foi o historiador José Rubens Incao, que falou sobre o desenvolvimento da cidade e a importância da Câmara na história de Sorocaba. A entrevista foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e mídias sociais do legislativo. 

Incao, que trabalha na Biblioteca Infantil de Sorocaba e participa regularmente da TV Câmara com o quadro “Conheça Sorocaba”, enfatizou que a Câmara teve origem junto com a fundação de Sorocaba, por Baltasar Fernandes. “É uma das primeiras construções oficiais da cidade: a casa, o Mosteiro de São Bento e a Câmara e Cadeia, que passa gerenciar isso tudo”, contou. 

A primeira Câmara de Sorocaba, que acumulava poderes e tinha uma função diferente da atual, foi formada por três vereadores, que se reuniam mensalmente, e com um funcionário, que entre as atividades era responsável por fiscalizar os pesos e medidas nos comércios da cidade. Ele contou que, na época, a eleição era realizada por sorteio, de nomes indicados e colocados dentro dos "pelouros" (bolas de cera em que se colocavam o nome dos pretendentes). 

“A Câmara sempre se fez presente na história da cidade”, resumiu o historiador, contando sobre o evento da Cavalhada, uma competição entre dois grupos e que era disputada na praça central, em que a Câmara assumia a responsabilidade de montar os camarotes, até mesmo para os doentes leprosos poderem acompanhar a disputa. 

Ele lembrou também do envolvimento do Legislativo na busca por recursos para atender diversas necessidades do município, como nas áreas de saneamento e educação. “A própria Uniso (Universidade de Sorocaba) surgiu como Faculdade Ciências e Letras e foi mantida pela Prefeitura, com autorização da Câmara”, destacou Incao, ressaltando que a iniciativa permitiu que grandes professores pudessem proferir aulas gratuitas à população.

De povoado à vila – Incaou contou sobre a fundação de Sorocaba, que surgiu após a doação da área para Baltasar Fernandes, por parte da mãe e do irmão. Com quase 80 anos, Baltasar decidiu que o povoado deveria se tornar uma Vila. Para isso, precisou provar ao império que a região possuía 30 famílias instaladas. “Seriam os primeiros moradores de Sorocaba”, conta o historiador.

Na época, os limites sorocabanos iam de Santa do Parnaíba até as proximidades com Curitiba. O historiador explicou que Sorocaba passa a assumir a condição de Vila com a implantação do Pelourinho, que representava o poder real e a autonomia da cidade, erguido em frente ao Mosteiro de São Bento. Na sequência, Baltasar Fernandes deu iniciou à urbanização do município com as ruas que hoje formam a região central. 

A primeira sede administrativa foi erguida na esquina das ruas São Bento e Barão do Rio Branco. “Era modesta, um pequeno sobradinho, e tinha também o poder de polícia, pois era Câmara e cadeia”, explicou. Ele destacou que a construção possuía um sino que era tocado diariamente às oito horas da noite, como toque de recolher. “Após esse horário, quem fosse pego na rua posava na cadeia”, contou.

Incao lembrou ainda de curiosidades sorocabanas, como o fato do único culto à Nossa Senhora da Ponte ser em Sorocaba. Ele também falou da importância da Feira de Muares, que era realizada na cidade por conta da localização e geografia privilegiadas, que recebia pessoas de todo o Brasil para o comércio de mulas. “A movimentação de pessoas aqui chegava a ser quatro vezes a população da capital, São Paulo”, contou.

Estrada de ferro – O historiador deu destaque também para a construção da estrada de ferro, construída por iniciativa de Matheus Mailasky para o escoamento da produção de algodão na época e que deu um impulso para o desenvolvimento do município. “Em menos de três meses ligou Sorocaba a São Paulo; nem a Odebrecht faria isso”, brincou Incao sobre a magnitude do empreendimento, reforçando que toda a obra foi realizada sem a utilização de escravos. 

José Rubens Incao ainda mencionou outras iniciativas históricas realizadas em Sorocaba, como a fundição de ferro pela primeira vez na América Latina ter sido realizada na Real Fábrica de Ferro, na Fazenda Ipanema. O morro da Fazenda Ipanema, aliás, lembrou o historiador, foi inspiração para nomear o bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro. Além disso, ele contou que de Sorocaba saíram embarcações para povoar os Estados de Mato Grosso e Goiás. “A gente não sabe a força que tem, mas o sorocabano merece”, finalizou Incao.

O ciclo de palestras e debates promovido pela Escola do Legislativo segue até o dia 14 de agosto, e terá também a participação de historiadores, ex-vereadores e autoridades que contarão a história da Câmara Municipal em programas com transmissão dos meios de comunicação do Legislativo – rádio, TV e mídias sociais.