10/08/2020 17h12
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Sérgio Coelho tratou também da importância da indústria têxtil e do Tropeirismo para o crescimento de Sorocaba

O movimento imigratório e seu papel no desenvolvimento de Sorocaba foi tema de entrevista concedida pelo jornalista e historiador Sérgio Coelho na tarde desta segunda-feira, 10, em mais um evento do ciclo de palestras e debates “A Força do Legislativo”, que integra as comemorações dos 366 anos de Sorocaba, por iniciativa da Escola do Legislativo.

Sérgio Coelho foi repórter de diversos jornais de Sorocaba e da capital, é formado em Geografia e História, e autor de diversos livros, entre eles "Os Espanhóis" e "Arigatô ". O convidado discorreu sobre o período de desenvolvimento da indústria do algodão na cidade e afirmou que a indústria têxtil impulsionou o desenvolvimento ferroviário sorocabano, e não o contrário. 

“O algodão, que é base de toda a indústria têxtil, tem presença em Sorocaba nos primeiros 10 anos do século 19. Nós temos uma vocação nessa área muito mais antiga do que o momento da industrialização”, explicou. “No ponto de expansão da indústria têxtil houve necessidade de um transporte mais eficiente e mais barato que as mulas. Então, Matheus Maylasky vem e lidera o movimento para a construção da estrada de ferro sorocabana”.

Imigrantes e o desenvolvimento – O historiador contou que o fluxo imigratório para Sorocaba ganhou força quando do desenvolvimento da Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, para onde vieram dois grupos muito grandes de alemães. “Surgem em Sorocaba muitas fábricas de cerveja e chapéus, graças à cultura alemã”, pontuou.

Coelho disse que em seguida houve a chegada de italianos e espanhóis, esses de maneira mais intensa. “As famílias espanholas vinham da Andaluzia até São Paulo e eram levadas para a fazenda, onde tinham que ficar trabalhando quatro anos, quando adquiriam liberdade para ir aonde quiser”, explicou, complementando que, vencido o período de compromisso com o governo, os espanhóis instalavam-se em Sorocaba porque a cidade tinha a fama de ser próspera pelas indústrias, de oferecer empregos. “Eles tinham o sonho de trabalhar na agricultura e colocar a família para trabalhar nas fábricas”, concluiu.

O historiador destacou o grande percentual de imigrantes que habitavam a cidade nesse período. “Chegou a ter 13 mil imigrantes, o que era bastante para a época, quando havia cerca de 150 mil habitantes na cidade”.

Sérgio Coelho também falou brevemente sobre o Tropeirismo, segundo ele o mais importante período da história de Sorocaba. “O Bandeirantismo durou, se muito, 50 anos. Indústria têxtil pesada, 60 a 70 anos. Já o Tropeirismo durou 150 anos, carregando a cidade nas costas. De 1750 a 1930, no meu ponto de vista, foi o período áureo do Tropeirismo, quando Sorocaba saiu de uma pequena vila para uma grande cidade”.