17/09/2021 07h22
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O programa da Escola do Legislativo contou com a participação de Roberta Guimarães, instrutora da Escola de Gestão Pública

“Aquele que analisou a si mesmo está deveras adiantado no conhecimento dos outros.” Essa máxima é do filósofo iluminista francês Denis Diderot (1713-1784) e pode servir de epígrafe para a edição do “Plenário Educação”, da Escola do Legislativo, realizada na tarde de quarta-feira, 17, que teve como tema “Comunicação Empática: Uma Questão de Compaixão”. O assunto foi abordado por Roberta Guimarães, procuradora municipal aposentada e instrutora da Escola de Gestão Pública da Prefeitura de Sorocaba, que conversou com o apresentador e cerimonialista Paulo Marquez, como parte do “Setembro Amarelo”, a campanha anual de prevenção ao suicídio, da qual a Câmara Municipal de Sorocaba participa.

“A comunicação empática é um aprendizado, que depende de alguns pilares. E um desses pilares é o autoconhecimento: você só pode conhecer o outro se conhecer a si mesmo; você só pode ajudar o outro se você se ajudar” – afirma Roberta Guimarães. Para ela, com o avanço tecnológico que levou ao advento da Internet e à profusão das redes sociais, as pessoas estão atualmente muito conectadas, muito envolvidas em vários lugares ao mesmo tempo, apesar disso, sentem a falta de uma comunicação efetiva: “As redes sociais nos colocam em conexão com o mundo praticamente o tempo todo, o problema é que muitos querem ser ouvidos, mas poucos se dispõem a ouvir” – enfatiza, ressaltando, ainda, o risco que o caráter competitivo dessas interações pode acarretar para o indivíduo.

Comunicação não violenta – Roberta Guimarães explicou que a comunicação empática integra o conceito de comunicação não violenta desenvolvido pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg (1934-2015), autor de 15 livros, entre eles o livro “Comunicação Não Violenta”, em que expõe técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais e tornou-se um best-seller, vendendo mais de um milhão de exemplares em mais de 30 idiomas. “Temos três pilares dentro da comunicação não-violenta: a empatia, a autocompaixão e a autenticidade”, explica Roberta Guimarães, observando que o método de Marshall Rosenberg foi desenvolvido a partir do trabalho que o psicólogo realizava como mediador de conflitos em diferentes países.

Indagada por Paulo Marquez sobre os possíveis limites da comunicação empática, para que não ela não resvale na invasão do espaço do outro, Roberta Guimarães esclareceu que uma comunicação verdadeiramente empática não demanda uma percepção de invasão, pelo contrário: “Quando você está sendo verdadeiramente empático, o outro vai confiar em você e vai se abrir mais. Muitas vezes, a gente quer ajudar, aconselhar, opinar e, com isso, acaba inibindo o outro. É preciso ouvir sem julgar, sem opinar. Só devemos dar conselhos, quando formos solicitados. Num primeiro momento, devemos apenas ouvir para compreender o outro”.

Aprendizado e doação – Para Roberta Guimaraes, a comunicação empática – que considera importante em áreas que lidam com o atendimento de pessoas, como o próprio serviço público – não é simplesmente um dom e pode ser aprendida. Mas, segundo ela, para que a pessoa possa ouvir o outro com empatia, é preciso que ela esteja bem consigo mesma. Para a instrutora, não há uma fórmula para que a pessoa aprenda a comunicação empática, sendo mais importante a predisposição para aprender, buscando uma melhor compreensão das próprias necessidades e sentimentos, um aumento da percepção sobre aquilo que realmente importa e procurar ser mais autêntico e empático. A partir dessa compreensão de si mesma, a pessoa torna-se mais apta a ouvir o outro com empatia. Por fim, Roberta Guimarães enfatizou que “cada ser humano é único”, alertou que “é preciso respeitar o outro e aprender a conviver com as diferenças” e defendeu uma “campanha de doação de tempo, tempo de qualidade para o outro”.