17/05/2023 17h14
atualizado em: 17/05/2023 17h21
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Evento, convocado pela vereadora Fernanda Garcia (PSOL), tratou da campanha “Maio Furta-cor” que busca evidenciar o tema.

A Câmara Municipal realizou, na tarde desta quarta-feira, 17, uma audiência pública com o tema “Maio Furta-Cor: por que saúde mental materna importa?”, por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia (PSOL). O encontro contou com a participação da psicóloga clínica perinatal Danielle Shibayama, representante movimento Maio furta-cor em Sorocaba, além de representantes das Faculdades de Psicologia de Sorocaba, de entidades sociais, mães e pais.

Fernanda Garcia abriu o encontro destacando número de mortalidade materna, e lembrando que a maioria poderia ser evitada. Ela falou sobre Lei 12.615/22, de sua autoria, que instituiu o mês Maio Furta-cor no município como um período para promover palestras, seminários, reuniões e para tratar da importância do debate saúde mental materna. “São muitos os tipos de maternar e é importante dar espaço a essas falas, e é nesse intuito que trazemos essa discussão”, afirmou a vereadora sobre a iniciativa da audiência.

A psicóloga Danielle explicou sobre a campanha Maio-Furta Cor, que teve início de forma virtual durante a pandemia, momento que potencializou o adoecimento psíquico das mulheres. Segundo ela, nesse período cerca de oito milhões de mulheres tiveram que abdicar da atividade profissional para voltar os cuidados à casa, com filhos e idosos, o que causou grande impacto emocional.

Sobre o nome “furta-cor”, que significa variações de tom de acordo com a luz, a psicóloga explicou que significa a diversidade da maternidade. Danielle contou que a campanha saiu da internet no ano passado e hoje são 285 representantes, em doze países e quatro continentes. “O movimento vem ganhando corpo”, disse. Segundo ela mais já são mais de 50 projetos de lei aprovados em nível municipal e três em nível estadual.

Segundo ela, sobrecarga de trabalho e responsabilidade são as principais causas de problemas mentais nas mães, porém casos de violência doméstica, emocional, física e sexual explodiram durante a pandemia, além da violência obstétrica, pouco falada, mas que atinge principalmente as classes mais vulneráveis, e que é preciso ter uma atenção a essa situação.

Danielle apresentou dados que apontam a subnotificação em relação a casos de depressão e outros transtornos antes da maternidade, e que podem aumentar após o parto. Ela lembrou que os impactos de uma mulher com a saúde mental afetada, atingem toda a família. ´”É importante que a gente abrace essa causa, se fortalecer, e espalhar essa onda do furta-cor”, disse.

As participantes da audiência também se manifestaram e compartilharam experiências sobre o tema. Mães falaram sobre os desafios profissionais após a maternidade, a falta de acessibilidade para mães atípicas, que apresentam autismo e filhos com deficiência, além da desigualdade racial, refletida no maior volume de violência obstétrica contra as mulheres negras. Também foi abordada a questão de mães LGBTQIA+ e dos sofrimentos psíquicos antes e depois do parto.

As profissionais e representantes de entidades sociais e de ensino de Sorocaba, também passaram uma visão sobre formação e atendimento dos profissionais para o acolhimento de mães e mulheres que buscam auxílio, bem como a necessidade de um programa integral na rede municipal. Já a representante da Secretaria de Saúde e coordenadora de saúde mental do município, Eline Araújo, destacou que a audiência pode ser o início de ações futuras e parabenizou a vereador pela criação da lei. Ela afirmou que haverá investimentos, incentivo e cuidado de capacitação dos colaboradores do serviço mental para o atendimento materno.