06/07/2011 15h05
 

De autoria do vereador João Donizeti (PSDB), a moção considera a obra “socialmente equivocada, ambientalmente daninha e economicamente duvidosa”

 

Na sessão desta quinta-feira (7), a Câmara Municipal votará, em discussão única, uma moção proposta pelo vereador João Donizeti (PSDB) manifestando repúdio à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte na Bacia do Xingu, por entender que se trata de uma obra “socialmente equivocada, ambientalmente daninha e economicamente duvidosa”. Para o vereador a obra simboliza “a obsessão dos governos em transformar os grandes rios do país em hidrelétricas faraônicas, como se não houvesse outras formas sustentáveis de geração de energia”.

 

Em sua moção, o vereador observa que, na Bacia do Xingu, vivem 28 etnias indígenas e estima-se que a obra provocará o deslocamento de pelo menos 20 mil pessoas (população superior à de 73% dos municípios brasileiros, segundo o Censo 2000). “O município de Altamira, hoje com 105 mil habitantes, poderá sofrer uma repentina explosão demográfica, tornando-se um problema urbano no coração da Amazônia, pois cerca de 320 mil pessoas serão direta ou indiretamente afetadas pelas obras da usina na própria Altamira e cidades vizinhas”, sustenta o vereador em sua moção.

 

Tragédia ambiental – Para João Donizeti, além do drama humano, representado pelo desenraizamento de etnias indígenas, a obra poderá resultar numa verdadeira tragédia ambiental: “Só a terra que será retirada para a escavação de canais representa 210 milhões de metros cúbicos, quase o mesmo volume retirado para a construção do Canal do Panamá. A previsão é que sejam derrubados 238 hectares de vegetação, o que significa 2,38 milhões de metros quadrados de área verde devastada apenas para a instalação de acampamento, canteiro industrial e área de estoque de madeiras. E na região há 440 espécies de aves, 259 espécies de mamíferos e 387 espécies de peixes, que poderão sofrer uma drástica redução”.

 

O vereador sustenta que é preciso buscar fontes alternativas de energia, o que tornaria desnecessária a construção da usina. “O próprio sistema elétrico do país, com investimentos em qualidade, pode ser uma fonte adicional de energia sem ter que construir grandes hidrelétricas. Estima-se que bastaria reduzir as perdas no precário sistema de transmissão de energia elétrica do país, estimadas em 15%, para que se economizasse, anualmente, 33 milhões de megawatts/hora, o que dispensaria, com folga, a construção de Belo Monte”, conclui o vereador.

 

A moção de repúdio caso seja aprovada em plenário, será encaminhada à presidente da República, Dilma Rousseff; ao presidente do Senado Federal, senador José Sarney; ao presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia; ao Ministério do Meio Ambiente, e ainda a entidades não governamentais como o Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB), o Movimento dos Ameaçados por Barragens (Moab), Greenpeace, Avaaz e WWF-Brasil.