14/05/2013 18h52
 

O ex-prefeito foi questionado pelos vereadores sobre os atrasos de obras iniciadas em sua gestão à frente da Prefeitura de Sorocaba.

 

O ex-prefeito Vitor Lippi (PSDB), atual presidente do Parque Tecnológico de Sorocaba, atendendo convocação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras Atrasadas foi ouvido hoje no plenário da Câmara, quando respondeu indagações dos membros da comissão e de outros vereadores presentes. Os trabalhos, sob o comando do presidente da CPI, vereador José Crespo (DEM), tendo como relator o vereador Marinho Marte (PPS), tiveram início às 14h15 e se encerraram às 18h20. A oitiva do ex-prefeito foi a única da tarde. Antes dele foram ouvidas 26 pessoas, entre empresários e secretários municipais.

 

O ex-prefeito Vitor Lippi se colocou à disposição do Legislativo para prestar todos os esclarecimentos necessários, ressaltou o papel fiscalizador da Câmara Municipal e enalteceu o trabalho dos servidores públicos, que, segundo ele, foram fundamentais para o desenvolvimento de Sorocaba. E, falando da transição, lembrou que oito dos secretários municipais atuais também fizeram parte de seu governo. “Inclusive o motorista, que fica muito próximo do prefeito e é o mesmo que trabalhava comigo”, observou.

 

Atrasos de creches – O vereador Jessé Loures (PV) questionou o atraso nas obras da creche do São Guilherme e na duplicação da Avenida Três de Março. Vitor Lippi afirmou ter entregue 742 obras, ficando pouco mais de 30 obras sem serem entregues, cerca de 5% do total. Para Lippi, um dos fatores dos atrasos foi o “apagão da mão-de-obra no País, especialmente na construção civil, que é sazonal, e os operários precisam ser treinados a cada nova obra”. Lippi disse que isso se agravou devido ao crescimento da construção civil no município. “Sorocaba tem o mesmo número de obras de Campinas com cerca de metade da população. Ou seja, estamos crescendo o dobro de Campinas”, disse. Em relação às obras da Avenida Três de Março, o ex-prefeito, além do abandono da obra pelo empreiteiro, disse que as chuvas foram as principais responsáveis pelo atraso.

 

Também questionado sobre a questão das creches, Vitor Lippi disse que assumiu o governo com 2.123 vagas nas creches. “Criamos 6.077 vagas e deixamos o governo com 8.200 vagas, cerca de três vezes mais”, afirmou, observando que, com a conclusão das creches em andamento, serão disponibilizadas mais 1.800 vagas, totalizando 10 mil. O líder do governo na Casa, vereador Paulo Mendes (PSDB), afirmou que nenhuma cidade do interior paulista ampliou o numero de vagas em creche como Sorocaba. “Em toda a história de Sorocaba, ninguém fez mais pelo social, pelos mais humildes, do que Vitor Lippi”, enfatizou. Para o líder do governo, diante dos depoimentos até agora na CPI, o apagão da mão-de-obra e as chuvas de novembro a fevereiro foram os principais fatores de atraso das obras.

 

“Obras eleitoreiras” – O vereador Izídio de Brito (PT), falando em nome da bancada do PT, fez uma série de questionamentos ao prefeito, que foram respondidos pontualmente. O líder petista indagou se, em algum momento da transição, a equipe não sentiu a necessidade de fazer um mea culpa em face das obras que foram prometidas na campanha e não concluídas. Lippi disse que não houve essa conversa, afirmando que nenhuma obra foi eleitoreira. “Seria um crime não fazer uma obra em tempo de eleição. Muitas obras iniciadas no último ano de governo começaram bem antes. Em média, uma obra dura três anos, pois o processo de licitação é demorado”, explicou.

 

Recorrendo a declarações do então prefeito Vitor Lippi à imprensa, Izídio de Brito questionou sua promessa de entregar uma obra por semana. Lippi disse que se tratava de uma meta, de acordo com os levantamentos técnicos da época, e afirmou que essa meta acabou sendo atingida, mesmo com as obras que ainda faltam ser entregues. O vereador também indagou ao ex-prefeito se ele não se sentia culpado pelo sofrimento das mães das regiões onde as creches não foram concluídas levando em conta que muitas delas chegam a perder o emprego pelo fato de não conseguirem vagas em creche. Izídio de Brito lembrou que vem defendendo a tese de que houve “estelionato eleitoral” em Sorocaba e questionou o ex-prefeito a respeito.

 

“Nunca menti nem vou mentir para a população. Com todo o respeito, dizer que houve estelionato eleitoral é uma afirmação descabida”, afirmou Vitor Lippi, que, posteriormente, também foi defendido, de forma eloqüente, pelo vereador Paulo Mendes. O ex-prefeito disse que se não conseguiu concluir as referidas creches foi por fatores alheios à sua vontade e à vontade dos funcionários da Prefeitura. O ex-prefeito disse ter deixado em caixa R$ 95 milhões para pagar as medições das obras feitas em janeiro e um superávit de R$ 26,8 milhões. Também enfatizou que as creches são prioridade do prefeito Antonio Carlos Pannunzio.

 

Ponte e avenidas – Em relação às obras da ponte de Pinheiros, respondendo indagações dos vereadores Izídio de Brito e Fernando Dini (PMDB), Vitor Lippi explicou que o atraso decorreu da necessidade de atender todos os requisitos ambientais, que se tornaram muito mais exigentes do que no passado. Além disso, a obra, segundo ele, vai exigir uma correção numa das ruas próximas para evitar alagamento, “obra que já fará parte da nova licitação que será feita na atual gestão”.

 

Izídio de Brito quis saber de Vitor Lippi se o Parque Tecnológico irá precisar de mais R$ 500 mil. Lippi alegou que não se trata de um “recurso a mais”, mas de uma verba de custeio, que o Parque Tecnológico ainda não tem. Segundo ele, o Parque Tecnológico é fundamental para Sorocaba não ficar atrás de outros municípios. “Sorocaba é um pólo exportador e precisa ser competitiva em termos mundiais para não perder mercado. As indústrias precisam investir em inovação tecnológica”, disse, acrescentando que, futuramente, o Parque Tecnológico até poderá prescindir de custeio público, pois as empresas pagam uma taxa para utilizá-lo.

 

Novo depoimento – O relator da CPI, vereador Marinho Marte (PPS) reiterou que fiscalizar a administração pública é um dever dos vereadores e que “ninguém acusa o ex-prefeito Vitor Lippi de nenhuma irregularidade”. “Lippi deve estar completamente à vontade nesta Casa, dizendo o que fez, o que não fez, o que gostaria de ter feito”, disse. O vereador ressaltou que as reclamações da população quanto as obras atrasadas são legitimas e os motivos dos atrasos são os mais variados.

 

Muri de Brigadeiro (PRP) se manifestou elogiando o ex-prefeito, assim como o vereador Waldomiro de Freitas (PSD). Já o vereador Irineu Toledo (PRB), entre outros questionamentos, voltou a criticar as calçadas construídas pelo Programa Sorocaba Total em bairros ricos. Lippi explicou que se trata de uma exigência do projeto. O prefeito também respondeu perguntas de líderes comunitários, que reclamaram de obras não entregues e fizeram críticas ao ex-prefeito.

 

Ao final dos trabalhos, o presidente da CPI, José Crespo (DEM), afirmou que tinha 104 perguntas para fazer ao ex-prefeito Vitor Lippi e que as deixaria para nova convocação de Lippi, como já havia anunciado no início dos trabalhos. “Tanto que vou apenas suspender os trabalhos de hoje e recomeçamos na próxima terça-feira, 21, às 14 horas, com as minhas perguntas”, explicou.

 

Além de Crespo, participam da CPI os vereadores Marinho Marte (relator), Francisco França (PT), Carlos Leite (PT), Izídio de Brito (PT), Jessé Loures (PV) e Irineu Toledo (PRB).