05/11/2013 13h06
 

Restrição do atendimento pediátrico à UPH da Zona Oeste e adulto à UPH da Zona Norte motivou visita de Armando Raggio à Câmara. Secretário retorna à Casa na manhã da próxima quinta.

 

A mudança no atendimento médico da Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da Zona Oeste, que, desde a última semana, conta apenas com serviço de pediatria, tendo os adultos que se dirigirem à UPH da Zona Norte, motivou a ida do secretário municipal de Saúde, Dr. Armando Raggio, à Câmara Municipal antes da sessão ordinária desta terça-feira, 5.

 

O secretário atendeu ao convite do presidente do Legislativo, o vereador José Francisco Martinez (PSDB), a pedido da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Sorocaba, para prestar esclarecimentos levantados pelos parlamentares na última sessão quanto à restrição nas especialidades.

 

A principal preocupação dos parlamentares é relativa à distância existente entre as duas regiões (Norte e Oeste) o que dificulta o deslocamento dos pacientes. O presidente Martinez abriu a oitiva lembrando que o vereador Fernando Dini (PMDB) entrou em contato na última semana com o secretário questionando a mudança, além de, em plenário, vereadores como Waldecir Morelly (PRP) e Saulo do Afro Arts (PRP), representantes da Zona Norte, manifestaram insatisfação quanto ao fato de a Câmara não ter sido previamente informada da nova estratégia adotada pela prefeitura.

 

Raggio afirmou que a preocupação da população e dos parlamentares é legítima, que “a medida não é simpática”, mas responsável diante do quadro atual. A falta de plantonistas, principalmente em pediatria, e dificuldade ampliar o número de leitos foram apontadas como algumas das causa para a mudança. O objetivo seria aperfeiçoar o atendimento e prestar um melhor serviço à população. “Não houve recomendação dos vereadores para as alterações definidas”, frisou ainda, comentando a fala do vereador Luis Santos (PROS) sobre cobranças da população.

 

Segundo Raggio a mudança permite a formação de equipes diferentes para observação e urgência, dando maior segurança para condução de pacientes a novos leitos em negociação. Em resposta ao vereador José Francisco Martinez sobre o que teria motivado a mudança, uma vez que a Zona Norte concentra um grande número de crianças, Raggio informou que o segundo o IBGE a Zona Oeste possui ainda mais, somando 40% das crianças do município. Também motivou a decisão o fato da UPH possuir estrutura para atender não só crianças, mais também gestantes e bebês de risco.

 

Carlos Leite (PT), Luis Santos (PROS) e Saulo do Afro Arts frisaram a falta de comunicação da secretaria com a Casa, e também a divulgação para a comunidade que cobram respostas dos parlamentares. O secretário lamentou as falhas na comunicação. “Se houvesse comunicação melhor, esse processo de transição não teria sido tão conturbado”, admitiu.  

 

O secretário se comprometeu a fazer discussões regionais com a população, diretamente nos bairros, na presença dos parlamentares, por sugestão de Carlos Leite. Armando Raggio pediu o apoio de todos e afirmou que já houve uma melhora nos últimos dias nas duas UPHs, anunciando ainda medidas para contratação de médicos e ampliação de leitos e cirurgias.

 

Transporte de pacientes: O vereador Fernando Dini sugeriu a implantação de itinerário entre as UPHs sem outras paradas, 24 horas e gratuitos. O transporte exclusivo também foi defendido pelo Pastor Luis Santos.

 

O secretário afirmou que já conhece esta experiência em outros municípios, com exemplos de sucesso, mas também exemplos de que, apesar do comprometimento da gestão municipal e das empresas, o transporte exclusivo não melhoraram o acesso. Segundo Raggio a melhor medida são horários estendidos nas linhas já existentes, inicialmente uma em cada micro região da cidade, porém , não nega a possibilidade de estudo da proposta.

 

Já o vereador Waldecir Morelly, como morador da Zona Norte, transmitiu as preocupações daquela comunidade, principalmente as mães, quanto à locomoção entre as regiões em busca de atendimentos. 

 

O Pastor Apolo (PSB) ressaltou que a mãe que não consegue ambulância, nem carro, precisa de ônibus, levando no mínimo uma hora para ir de uma unidade a outra, mesmo de carro, e no horário de pico, até 1h30. “Temos que pensar que nossa cidade cresceu muito, é inadmissível fechar portas, pensar em centralizar o atendimento, sabendo que nosso transito e nosso transporte não é eficiente”, disse.

 

O secretário sinalizou que espera evitar a centralização, após ampliação dos horários das unidades, contratação de outros plantonista e início do programa de residência. Também chegou a dizer que os vereadores estariam superestimando a demanda. Em resposta ao vereador Saulo do Afro Arts, Raggio afirmou que há também o transporte por ambulâncias, feito através de triagem.

 

Em seguida, Izidio de Brito (PT), destacou que a Saúde no Município está em crise. “Por que a decisão da mudança de referência da pediatria não passou pelo conselho municipal de saúde?”, questionou. O vereador também quis saber que, caso uma criança chegue à noite em na unidade Norte ela terá que automaticamente ir para a Zona Oeste ou será atendida imediatamente.  

 

“Quando se trata de doença, de emergência, há o desespero dos pais, muitos sem recurso financeiro para levar seus filhos até a Zona Oeste”, completou o vereador Rodrigo Manga (PP). O secretario informou que os casos de crianças que chegaram a Zona Norte e adultos na Zona Oeste com quadros de urgências e emergências foram atendidos.

 

Falta de médicos: O vereador José Crespo (DEM) lembrou que em visitas às unidades de saúde, vereadores constataram a falta de médicos escalados, o que agora foi verificado pela própria administração, através da sua corregedoria, e noticiado pela imprensa totalizando dez médicos faltosos na última semana na Policlínica. Crespo quis saber quais as punições que estes médicos sofreram e inclusive a administradora do hospital, por omissão.

 

O secretário afirmou que medidas cabíveis serão tomadas, que a corregedoria é uma experiência inovadora no município e que há reclamações que serão levadas em consideração. Disse ainda que está aguardando o relatório do corregedor para apuração e as reparações serão feitas no mês subsequente. Crespo rebateu destacando a morosidade na entrega do relatório.

 

Já o vereador Marinho Marte (PPS) ressaltou a incompetência da secretaria em solucionar os problemas. Sobre a presença do corregedor, destacou que o fator surpresa é fundamental para a constatação de falhas e ausência de médicos. “A câmara e, sobretudo, a população não suporta mais tentativas. Não podemos transformar a questão da saúde em laboratório. Quem não tem comprometimento público, têm que sair”, completou.

 

O problema da ausência dos médicos e a importância de se apurar as denúncias também fizeram parte da manifestação do vereador Jessé Loures (PV).

 

Na próxima quinta-feira, a partir das 8h30 da manhã, antes da sessão ordinária, o secretário de Saúde, Armando Raggio, retornará à Câmara para prestar os esclarecimentos pendentes, devido a falta de tempo, e também sanar novas duvidas dos vereadores.