Angélica Lacerda, Eliane Esteves Rosa e Fabiana Correia falaram da importância da educação integral para as crianças e adolescentes
Como parte da campanha de combate ao trabalho infantil, que conta com o engajamento do Legislativo sorocabano por meio de seus veículos de comunicação, a TV Câmara entrevistou a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Angélica Lacerda, também responsável pela Coordenadoria da Criança e do Adolescente da Secretaria Municipal da Cidadania. Participaram da entrevista, na tarde de quinta-feira, 19, a coordenadora pedagógica do Projeto Jovem da Pastoral do Menor, Eliane Esteves Rosa, e a chefe da Divisão de Proteção Social da Secretaria da Cidadania, Fabiana Correia. No final da entrevista, foram exibidos depoimentos de crianças e adolescentes atendidos pela Pastoral do Menor.
Angélica Lacerda explicou que a imagem do cata-vento simboliza o combate ao trabalho infantil e suas cinco pontas significam a ocorrência do problema nos cinco continentes e, quando o cata-vento gira, suas cores formam o branco, simbolizando a erradicação do problema. “Isso significa que todos nós, juntos, precisamos combater o trabalho infantil”, enfatiza Angélica Lacerda. Segundo ela, o Brasil está entre os países que apresentam expressiva incidência de trabalho infantil e Sorocaba conta com aproximadamente com 240 crianças, a maioria vendendo produtos nas ruas.
Eliane Esteves Rosa explicou que a Pastoral do Menor atua em Sorocaba há 18 anos, trabalhando com crianças e adolescentes dos 6 aos 17 anos, desenvolvendo projetos em parceria com a Secretaria Municipal de Cidadania e o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, voltados diretamente para o combate ao trabalho infantil, e com a empresa AB Brasil, desenvolvidos em dois bairros da cidade e focados especificamente no mercado de trabalho. “A Pastoral do Menor atende, em média, 765 crianças e 510 adolescentes, oferecendo diversas atividades educativas, culturais e de lazer no contraturno escolar”, conta a coordenadora pedagógica da Pastoral do Menor.
Rede de garantias – Por sua vez, Fabiana Correia explicou que a Secretaria de Cidadania é a responsável pelo trabalho de erradicação do trabalho infantil na cidade, cabendo-lhe articular a rede do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente, composta pelos centros de assistência, conselho tutelar e serviços assistenciais, como a Pastoral do Menor. Segundo a gestora, um dos eixos estratégicos da pasta é o fortalecimento das famílias, propiciando a elas o acesso às políticas públicas para que possam exercer sua função protetiva. Também destacou que a sociedade precisa se mobilizar contra o trabalho infantil, inclusive evitando dar esmola para as crianças que estão nas ruas.
Angélica Lacerda destacou a importância do projeto de lei que visa o combate ao trabalho infantil nos cemitérios da cidade, que, juntamente com a venda de produtos nas ruas e o trabalho como flanelinha ou em lava-rápidos, está entre as principais ocorrências da modalidade de trabalho irregular. Destacou também a importância da escola em tempo integral, enfatizando que essa modalidade de educação contribui para o desenvolvimento integral da criança e do adolescente não só no aspecto cognitivo, mas também físicos e emocionais, enfatizando que o desenvolvimento integral da criança é fundamental já na primeira infância. “Quanto menos se investe na primeira infância, maior a ocorrência de trabalho infantil”, destaca, observando que o trabalho infantil vem junto com a exploração da criança.
Atividades na pandemia – Eliane Esteves Rosa explicou que a Pastoral do Menor, nesse período de isolamento social motivado pela pandemia, para não perder o vínculo com as crianças e adolescentes, criou várias atividades virtuais para os que têm acesso à Internet, além de apostilas com atividades para os que não têm acesso ao mundo virtual. Segundo ela, a entidade está conseguindo manter o vínculo com as crianças, mesmo no período da pandemia. As gestoras municipais também enfatizaram que, neste momento, há uma preocupação com o possível aumento do trabalho infantil em virtude do aumento do desemprego.
Para as pessoas físicas que ainda não declararam seu Imposto Renda (cujo prazo, neste ano, vai até o dia 30 de junho), Angélica Lacerda lembrou que o contribuinte pode destinar até 3% do seu imposto a pagar para o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente, o que pode ser feito no momento da declaração. “No ano passado, arrecadamos cerca de R$ 1 milhão via Imposto de Renda e custeamos 17 projetos sociais”, conta, enfatizando que a aplicação dos recursos é devidamente fiscalizada.
Angélica Lacerda agradeceu ao presidente da Casa, vereador Fernando Dini (MDB), e os demais vereadores pelo engajamento do Legislativo municipal no combate ao trabalho infantil e conclamou a população a se mobilizar para prevenir e combater a exploração do trabalho de crianças e adolescentes, observando que as denúncias sobre trabalho infantil podem ser feitas, de forma gratuita, através do Disque 100. No final da entrevista, foi exibido um vídeo com depoimentos de crianças e adolescentes atendidos pelas Pastoral do Menor, com a devida autorização dos pais, que pode ser visto, junto com a íntegra da entrevista, nas redes sociais da Casa.