18/04/2024 15h13
atualizado em: 19/04/2024 08h30
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“Comissões em Debate” recebeu o vereador Fábio Simoa (Republicanos), presidente da Comissão de Saúde do Legislativo.

A Semana Municipal da Conscientização da Doença de Parkinson foi o tema do programa “Comissões em Debate” realizado na tarde desta quinta-feira, 18, pela Rádio Câmara, com a presença do vereador Fábio Simoa (Republicanos), presidente da Comissão de Saúde Pública do Legislativo e autor da lei que instituiu a data no calendário oficial do município. Também participaram a médica Dra. Caroline Zorzenon, neurologista clínica da Santa Casa, e a professora Carla Matielo, portadora da doença de Parkinson, acompanhada do marido Ricardo Pires.

Caroline, que participou de forma remota, explicou que o Parkinson é uma doença neurodegenerativa, que resulta na falta de dopamina, gerando sintomas motores e não motores que, de acordo com ela, podem ser tremores, lentidão de movimentos e rigidez muscular. “A idade de início é muito variável, mas o mais comum é partir dos 60 aos, mas existem também o parkinsonismo juvenil, a partir de 16 anos, ou precoce, a partir de 35 anos”, explicou. Sobre a origem da doença, a médica disse que não necessariamente é hereditária, mas ter um parente em primeiro grau aumentam a chances da pessoa também vir a ter.

O vereador Fábio Simoa questionou se existe algum exame para identificar a doença precoce, mas a médica informou que não, sendo o diagnóstico feito por sintomas e exames de imagem para auxílio da confirmação. De acordo com Caroline, os primeiros sintomas são lentidão, com membros mais rígidos em um lado do corpo. “A pessoa começa a andar e sente que a perna começa a arrastar, tem dificuldade para abrir uma garrafa ou pegar no talher”, disse. A neurologista afirmou que com a evolução, a doença passa a afetar os dois lados do corpo e surgem tremores, que vão limitando o paciente.

A médica explicou ainda que o tempo de evolução da doença é variável, mas progressivo. No entanto, ela disse que é possível melhorar a qualidade de vida do paciente e diminuição dos sintomas com tratamentos medicamentos e não medicamentosos. Caroline destacou a importância de uma alimentação saudável, exercício físicos e estimulação cognitiva, como aprender coisas novas, para aumentar a qualidade de vida, e contou que existem estudos de medicamentos para impedir a doença e que é possível, em alguns casos, a possibilidade de cirurgia para redução dos sintomas. Segundo ela, tem aumentado a incidência de pacientes de Parkinson devido ao aumento do envelhecimento da população.

Carla, que é professora aposentada por invalidez devido ao Parkinson, contou que o primeiro sintoma da doença foi rigidez na mão, que resultou em dificuldade para escrever. Foi diagnosticada com “câimbra do escrivão” e passou a atuar em creche, para não precisar utilizar a lousa. Com a evolução da doença, começaram os tremores no lado direito do corpo, justamente o que mais utilizava por ser destra. “Com isso foi fechado o diagnostico e consegui me afastar do trabalho. Fiquei cinco anos em auxílio doença para poder me aposentar”, contou.

Sobre o tratamento, ela citou o uso de medicamentos que resultaram em efeitos colaterais e por isso foi considerada apta para cirurgia. “Fiz em 2019, mas acredito que cada pessoa é diferente, em cada pessoa os sintomas vem de um jeito e essa diversidade faz com que muitos entrem em depressão, desenvolvam demência, entre outra coisas”, cotou. “Sempre enfrentei a doença de cabeça erguida, sabendo que ela não vai me derrubar”, afirmou.

A professora disse que já durante o tratamento, procurou atividades para fazer e encontrou o macromê. “Isso foi uma terapia não só psicológica, mas ocupacional”, lembrou, contando que a tarefa exige calcular quantidade de pontos, nós, melhorar a postura e a utilização do braços. “Tudo isso melhorou muito pra mim”, afirmou. Carla, que hoje tem uma página em rede social para contar sua experiência, também cuida de orquídeas, árvores frutíferas, dirige e produz artes de kokedama. “É uma arte japonesa que você faz bolas de terra e planta, envolve em musgo e passa fios amarrando. Pode pendurar ou manter em cima de um móvel como decoração”, explicou

Iniciativa para a Lei – De autoria do vereador Fábio Simoa, a Lei nº 12.807, de 26 de maio de 2023, instituiu no calendário oficial do município de Sorocaba a “Semana Municipal de Conscientização da Doença de Parkinson”, a ser realizada anualmente em torno da semana do dia 22 de abril, tendo como símbolo a “Tulipa Vermelha”, e teve como incentivadora a professora Carla.

“Em São Paulo conheci a Vibrar com Parkinson, uma instituição para buscar a concientização sobre o Parkinson e que trabalha para espalhar a lei Tulipa Vermelha. Fui escolhida e ela me mandou toda a documentação”, explicou a professora, que em seguida foi apresentada ao vereador Fábio Simoa que abraçou a iniciativa. “A gente só adaptou. O corpo da lei é praticamente o mesmo e todos os municípios”, explicou. Segundo ele, a diferença foi colocar uma data para a realização das atividades. “É uma lei jovem, sancionada recentemente, e esse é o primeiro ano dando vida. É uma semana, a partir do da 22, onde serão realizadas muitas atividades para conscientização que busca acabar com o preconceito sobre a doença”, disse.

Tulipa vermelha – O símbolo da campanha se tornou uma tulipa vermelha devido a um botânico que deu o nome de James Parkinson, como homenagem ao médico, a uma das variedades da planta que desenvolveu.